Müller, Ketrin Goetz.
Bioquímica Hematologista l Ghanem Laboratório Clínico
A partir de agora,
nosso laboratório realizará Hemogramas específicos para
as Gestantes.
O comportamento
hematológico do organismo da mulher grávida frente ao desenvolvimento do feto
modifica o perfil do hemograma da gestante. Durante a gestação, pode ocorrer hemodiluição,
caracterizado por um aumento do volume plasmático em relação ao volume eritrocitário
devido à formação da placenta e ao rápido desenvolvimento do feto. A partir do
6ª semana de gestação há um aumento progressivo da volemia plasmática, que
chega a 30-40% em torno do 20ª semana e estaciona no 28ª semana. A massa
eritróide também aumenta, mas apenas 10 a 20%, o que resulta na diminuição das
cifras hematimétricas (eritrócitos, hemoglobina e hematócrito). Este processo é
fisiológico na gestação, sendo caracterizado como pseudonanemia da gravidez1,
2, 3, 4.
O leucograma também pode alterar-se muito e de modo
variável na gravidez, devido a uma resposta inespecífica das células da série
leucocitária, porém, favorável ao desenvolvimento seguro do feto, protegendo-o
durante todo o período. Há neutrofilia, de mínima a considerável, com ou sem
presença de bastões. A neutrofilia continuada pode causar aparição de
granulações tóxicas, até de corpos de Döhle, pelo encurtamento do prazo de
maturação entre promielócitos e granulócitos maduros na medula, tudo isso sem
significado patológico. A presença de 1 a 4% de mielócitos e/ou metamielócitos
é usual e normal. Por este motivo, alguns laboratórios têm o hábito de não
anotá-los quando vistos na fórmula ao microscópio1,5,6.
A contagem
de plaquetas tende a diminuir
10 a 30%, sendo irrelevante e assintomática1.
Todas estas alterações, mesmo sendo
fisiológicas na gravidez, podem se tornar um desafio ao médico obstetra, pois,
muitas vezes, é difícil distinguir entre o que é hemodiluição e o que é anemia
real, desencadeada pela gravidez ou preexistente. Em mulheres que normalmente
têm hemoglobina entre 11 e 12g/dL, durante a gestação a hemoglobina pode cair
fisiologicamente abaixo de 10g/dL. O VCM aumenta de 2 a 4 fL, pode haver
esferócitos, policromatofiia e reticulocitose leves que são responsáveis pelo
aumento da massa eritróide. Deste modo, torna-se importante, se possível,
conhecer os valores normais da mulher não grávida, e após a gravidez, utilizar
como base valores referenciais de hemograma para gestantes. O Ghanem Laboratório Clínico agora disponibiliza os valores
referencias do hemograma para o 1o.,
2o. e 3o. trimestre da gestação, sendo necessário apenas informar a idade
gestacional no momento do cadastro.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
1. FAILACE, R.
Hemograma: manual de interpretação. 3.ed. Porto Alegre, Artes Médicas, 1995.
2.
HANGAI, M. M. et. Al. Estudos dos Parâmetros Laboratoriais do Hemograma de
Gestantes, Através da Comparação com o Hemograma de Pacientes Não-Gestantes, no
Município de São José, na Grande Florianópolis. LAES & HAES, São Paulo, n.
143, p.116-38, jun.-jul. 2003.
3.
SOUZA, A. I.; FILHO M. B.; FERREIRA L. O. C. Alterações Hematológicas e
Gravidez. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v. 24, n. 1, p.
29-36. 2002.
4.
BAKER, W. F. Hematologic problems in obstetrics, pregnancy, and gynecology.
Hematology/ Oncology Clinics of North America. Los Angeles, v. 14, n. 5, p.
1061-77, oct. 2000.
5.
Bain BJ. Células Sanguíneas: Um guia prático. 4ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.
6.
Oliveira RAG. Hemograma como fazer e interpretar. São Paulo: Livraria Média
Paulista Editora, 2007.
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