Quem se exercita regularmente tem um corpo mais saudável, um sono mais tranquilo e maior disposição durante o dia – tanto física quanto mental. Os músculos e os ossos se fortalecem, o organismo fica mais protegido de problemas crônicos como diabetes, colesterol alto e hipertensão, e até mesmo as emoções se equilibram, em virtude da liberação em nosso organismo de substâncias que regulam o humor e a sensação de bem-estar. Afinal, estar vivo é estar em movimento – desde o nascimento até a velhice. E manter-se em movimento é um desafio prazeroso em uma sociedade que cada vez mais substitui pernas e braços por automóveis e equipamentos eletrônicos. Da brincadeira infantil aos exercícios orientados nas academias, existem atividades físicas para todos os corpos, gostos, bolsos e personalidades – caminhar na rua até a padaria em vez de pegar o carro já é um ótimo exercício e não custa nada. O importante é procurar algo de que se goste e fazê-lo sempre com prazer e vontade.
“Exercícios podem ser iniciados em qualquer fase da vida”, resume o médico do esporte, Páblius Staduto Braga Silva. A ressalva, segundo ele, é nunca abusar do corpo, respeitar o próprio ritmo e sempre procurar orientação profissional em caso de dúvidas. Exageros podem causar dores e até lesões mais sérias. “Toda atividade física benfeita é benéfica para a saúde”, enfatiza ele. Além disso, há outros aspectos positivos associados à atividade física: na infância, jogos em grupo estimulam a socialização; na vida adulta o exercício ajuda a lidar melhor com as cobranças e tensões; e na maturidade o movimento permite uma qualidade de vida melhor, com muito mais autonomia.
E, para quem sempre encontra uma desculpa para não fazer a matrícula na academia ou adia o início do exercício sempre para as próximas segundas-feiras, o médico deixa a dica: comece aos poucos e inclua os exercícios em sua rotina. Troque o elevador de casa ou do escritório pelas escadas, deixe o carro na garagem para ir até o supermercado, chame seu filho para jogar bola no quintal ou na quadra do prédio, leve o cachorro para passear, alongue o corpo no fim do dia depois do trabalho. Quando estiver na praia, caminhe na areia em vez de passar o dia deitado sob o guarda-sol. Aos sábados, vá até o parque mais próximo dar uma volta. Ande um quarteirão a mais a cada semana.
“O exercício tem de fazer parte do dia a dia de modo positivo. Se eu me movimentar hoje, vou chegar em casa bem. Vou chegar melhor do que se não tivesse me movimentado. E, se eu repetir isso, a chance de não ter nenhum problema crônico em 20 anos aumenta bastante”, afirma Silva.
Exercícios na infância
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZ3UK_5ODs8sy7chbDamlWTpXzpjtol4mgUkl5aWMaABEgRFg-hsT3boNhMqiN_8kAjhsTp-oU9mDuWaQIuBdHo-T2VwPtGEnLoziNrFnqVdP6CKWZp4PIvwVGuigVBLO7AcanvM78zKT_/s320/ed.fisica2.jpg)
Na infância, a demanda do corpo por movimento é enorme – e quanto mais estimulado, mais ele fará. É a época das brincadeiras, dos jogos, em que o lúdico se associa ao movimento do corpo, sem cobranças, regras ou exigências. Resistência, força, desenvolvimento motor, equilíbrio e flexibilidade virão junto com a liberdade de movimento. “A infância está ligada à brincadeira e à curiosidade. Não pode existir uma exigência em termos de exercício. A infância é o terreno onde se prepara um adulto mais ativo”, afirma José Kawazoe Lazzoli, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte.
Os primeiros anos de vida são propícios para jogar bola em casa, ir ao parque com a família, correr, andar de bicicleta. “Isso é muito importante porque o ponto de referência das crianças são os pais – eles é que podem limitar ou estimular o movimento. Se os pais são ativos, as crianças tendem a se interessar mais”, complementa Silva.
Outro ponto importante é a socialização. Quando uma criança brinca ou joga em grupo, ela divide funções e espaços. Quando nada, perde o medo da água e se diverte com outros amigos. Mas, quando chega a idade de começar as matrículas nas escolinhas, de futebol, tênis ou outros esportes, por volta dos 6 ou 7 anos, é relevante manter o bom senso e não sobrecarregá-la. “O importante é quanto tempo o exercício vai demandar na vida da criança – se ela começa a ter a obrigação de ir, pode ficar sobrecarregada. Tem coisas que na própria escola ela já faz” alerta Silva.
O aviso tem um motivo bem claro. “Temos visto um aumento no número de lesões em crianças por excesso de esporte. Lesões nos joelhos, nos ombros e nos tornozelos podem ocorrer em crianças que estão sobrecarregadas”, explica Jader Silva, radiologista especialista em imagem.
Exercícios na adolescência
Com a mudança dos interesses, uma vida social mais intensa e as demandas crescentes da escola, a adolescência é um período no qual a atividade física tende a diminuir. Por mais que a criança goste de se movimentar, quando se torna adolescente, passa a lidar com outros estímulos e compromissos. A sugestão, então, é vincular a atividade física a programas sociais, mantendo a atratividade. “No fim de semana, eles podem fazer uma caminhada em uma trilha; no outro, nadar; no outro, sair para pedalar – tudo em grupo, com família ou amigos”, aconselha Silva. É interessante também conversar com o adolescente para ver suas aptidões e gostos – é a idade para começar a entender as regras dos esportes e, caso seja adequado, competir. “O importante é manter a motivação, seja estimulando um pouco a competição, seja propondo momentos agradáveis. Também não é o momento de sobrecarregar nem atrapalhar a atividade social do adolescente”, completa Lazzoli.
Os especialistas explicam que a musculação na academia pode ser permitida a partir dos 15 anos, mas deve ser feita em grupos da mesma idade, e com uma orientação especial para a faixa etária, explorando a flexibilidade, a força e a capacidade cardiorrespiratória – eles não podem fazer as mesmas séries que os adultos, por exemplo, porque ainda não estão com toda a musculatura desenvolvida da mesma maneira.
Exercício para adultos
Com as energias voltadas para a carreira, o trabalho e a família, os adultos precisam usar a atividade física como complemento na rotina. Nessa fase, segundo especialistas, há muito de dois extremos: ou as pessoas são sedentárias ou obcecadas pela boa forma física. “É importante procurar uma atividade esportiva para, no mínimo, relaxar”, alerta Silva. Ele explica que a rotina de trabalho das pessoas exige demais do corpo e da mente – ficar sentado por 10 horas no escritório estimula demais alguns músculos e inativa outros.
Quem não tem nenhum hábito de se exercitar pode começar, por exemplo, com o programa de contagem de passos com pedômetro – ele é colocado no corpo pela manhã, como um aparelho de mp3, e desligado apenas à noite. O objetivo é saber quantos passos a pessoa deu no dia. “O ideal é dar 10 mil passos por dia. Pode-se, com isso, criar uma meta dentro da própria rotina”, afirma Silva.
"Para os adultos, a atividade física deve ser um bom complemento à rotina. A atividade deve servir para, pelo menos, relaxar"
Nessa faixa de idade as lesões por excessos são muito comuns. A pessoa trabalha dez horas por dia e treina outras três. O gasto é tamanho que o corpo não consegue relaxar e voltar ao normal”, complementa Lazzoli. Por isso, é importante procurar um especialista antes de aumentar a carga de treino, dobrar os quilômetros da corrida ou nadar mais mil metros. Atividade física é benéfica, mas nada em exagero é saudável.
Exercícios na maturidade
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgScz1Jc1zmZdj4FRHYJHOfrZjCOb-LWSZl5tNE4w8yJZbsqX4Ua_l5SRb5H7A_3akfqMABMm656TYSPwJt0NNYIsSC_8dljCkqGfDCwDl_C7olXT6nitQOizDdGiJ7WM3ujzM1J4QGYdpv/s320/perda_muscular_na_terceira_idade_alimentacao_atividade_fisica_podem_fazer_muita_diferenca.jpg)
Com o amadurecimento, torna-se muito importante ganhar força muscular, para combater o declínio funcional natural que acontece com o passar dos anos. “Os músculos ficam mais fracos e as respostas já não são tão boas. Entretanto, se você estimulá-los, isso vai ser suficiente para manter-se bem e saudável”, afirma Silva. Musculação é fundamental nessa faixa etária, para manter os músculos fortes e estimular os ossos, mas precisa ser adequada à capacidade de cada indivíduo e acompanhada por profissionais capacitados. “Em idades mais avançadas, é preciso evitar as quedas, manter os passos e o equilíbrio. Se a pessoa faz exercício, mantém a autonomia e aumenta a autoestima”, revela o médico. Além disso, os exercícios ajudam a prevenir e controlar problemas como hipertensão, diabetes e colesterol elevado.