Por Fernando Berlitz*
No
dia de hoje, 21 de março, celebramos o “Dia Internacional de Luta pela
Eliminação da Discriminação Racial”. Essa data especial foi criada pela
Organização das Nações Unidas com o objetivo maior de gerar reflexão sobre esse
tema tão antigo e, infelizmente, ainda tão atual.
A
data de 21 de março faz referência ao evento que ficou conhecido como “Massacre
de Shaperville”. Em 21 de março de 1960,
em Joanesburgo, na África do Sul,
20.000 pessoas faziam um protesto contra a Lei
do Passe, que obrigava a população negra a portar um cartão que continha os
locais onde era permitida sua circulação. Porém, mesmo tratando-se de uma manifestação
pacífica, a polícia do regime de apartheid abriu
fogo sobre a multidão desarmada resultando em 69 mortos e 186 feridos. Mesmo
sendo utilizado como um ícone do movimento contra a discriminação racial, a
irracional ação do regime autoritário sul-africano em Shaperville não foi uma
ação isolada ou a que gerou maiores conseqüências nefastas às etnias foco de
discriminação. Ações de discriminação racional, de forma por vezes pontual e
nem por isso menos inaceitáveis, ainda podem ser identificadas em todos os
lugares do mundo, em todas as culturas e organizações sociais.
A
legislação brasileira instituiu os primeiros conceitos de racismo em 1951, com
a Lei Afonso Arinos, que classificava a prática como contravenção penal. Somente
a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, XLII, é que classificou a
prática do racismo como crime inafiançável e imprescritível, sujeitando o infrator
à pena de reclusão. Mesmo com essa criminalização, muitas ações de
discriminação ainda são vistas como folclore, cultura popular e, quando
identificadas de forma criminal, geram espanto para alguns, que ainda não se
atentaram para a importância e impacto dessa causa tai importante para a vida
em sociedade.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-qpKhYmgeYHJauGXz4CJtS3p58jpoDq2MllLXPItgsNiwhJsYEXAGakYdbWSRKH8wVmQw3MA8ivyZsxucqR3OQzzMlFOMgzGlRW4DmhGAhLazIaS7AcN2or8EH1co7BdjHNL5OGwZVd6q/s1600/imagesCAQE6CNL.jpg)
Considerando
essa definição da ONU, será que a seguimos e contribuímos efetivamente para a
erradicação da Discriminação Racial em nossas famílias, organizações e
sociedade?
A
discriminação racial ainda é um tema delicado em nossa sociedade. Mas, devemos
encarar o mesmo com a total seriedade que o tema exige. O próprio termo “Raça”
deveria ser banido de nosso vocabulário, já que cientificamente sabemos que não
existem diferentes raças para a espécie humana. Entre nós temos etnias, origens
distintas, e essa diversidade deveria ser encarada com a lógica que ainda
insistimos em negar: a diversidade étnica e cultural gera riqueza para a nossa
sociedade. A diversidade agrega valor para nossas organizações empresariais e
sociais, tornando-as mais capazes de atender às necessidades de suas partes
interessadas. Como vamos atender às demandas de todos na sociedade se não
tivermos essas necessidades impregnadas em nossas organizações? Se tivermos e
praticarmos a diversidade, nos tornaremos mais competitivos e sustentáveis no
longo prazo.
Aceitar a diversidade não é uma opção, é regra e necessidade
urgente. Não podemos aceitar comportamentos que impliquem exclusão de qualquer
indivíduo, sob nenhuma alegação ou critério. A sociedade é de todos e todas as
organizações de pessoas em sociedade devem ter isso como norteador essencial.
Aproveitemos todos essa importante data para refletir sobre o
tema.
O que temos feito para contribuir com a erradicação definitiva
da Discriminação Racial?
Por Fernando Berlitz é gestor de sustentabilidade do Grupo Ghanem
Nenhum comentário:
Postar um comentário