quarta-feira, 21 de março de 2012

::: DIA INTERNACIONAL CONTRA A DISCRIMINAÇÃO RACIAL :::


Por Fernando Berlitz*

No dia de hoje, 21 de março, celebramos o “Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial”. Essa data especial foi criada pela Organização das Nações Unidas com o objetivo maior de gerar reflexão sobre esse tema tão antigo e, infelizmente, ainda tão atual.

A data de 21 de março faz referência ao evento que ficou conhecido como “Massacre de Shaperville”.  Em 21 de março de 1960, em Joanesburgo, na África do Sul, 20.000 pessoas faziam um protesto contra a Lei do Passe, que obrigava a população negra a portar um cartão que continha os locais onde era permitida sua circulação. Porém, mesmo tratando-se de uma manifestação pacífica, a polícia do regime de apartheid abriu fogo sobre a multidão desarmada resultando em 69 mortos e 186 feridos. Mesmo sendo utilizado como um ícone do movimento contra a discriminação racial, a irracional ação do regime autoritário sul-africano em Shaperville não foi uma ação isolada ou a que gerou maiores conseqüências nefastas às etnias foco de discriminação. Ações de discriminação racional, de forma por vezes pontual e nem por isso menos inaceitáveis, ainda podem ser identificadas em todos os lugares do mundo, em todas as culturas e organizações sociais.

A legislação brasileira instituiu os primeiros conceitos de racismo em 1951, com a Lei Afonso Arinos, que classificava a prática como contravenção penal. Somente a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, XLII, é que classificou a prática do racismo como crime inafiançável e imprescritível, sujeitando o infrator à pena de reclusão. Mesmo com essa criminalização, muitas ações de discriminação ainda são vistas como folclore, cultura popular e, quando identificadas de forma criminal, geram espanto para alguns, que ainda não se atentaram para a importância e impacto dessa causa tai importante para a vida em sociedade.

O Artigo I da Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial diz: "Discriminação Racial significa qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada na raça, cor, ascendência, origem étnica ou nacional com a finalidade ou o efeito de impedir ou dificultar o reconhecimento e exercício, em bases de igualdade, aos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou qualquer outra área da vida pública".

Considerando essa definição da ONU, será que a seguimos e contribuímos efetivamente para a erradicação da Discriminação Racial em nossas famílias, organizações e sociedade?

A discriminação racial ainda é um tema delicado em nossa sociedade. Mas, devemos encarar o mesmo com a total seriedade que o tema exige. O próprio termo “Raça” deveria ser banido de nosso vocabulário, já que cientificamente sabemos que não existem diferentes raças para a espécie humana. Entre nós temos etnias, origens distintas, e essa diversidade deveria ser encarada com a lógica que ainda insistimos em negar: a diversidade étnica e cultural gera riqueza para a nossa sociedade. A diversidade agrega valor para nossas organizações empresariais e sociais, tornando-as mais capazes de atender às necessidades de suas partes interessadas. Como vamos atender às demandas de todos na sociedade se não tivermos essas necessidades impregnadas em nossas organizações? Se tivermos e praticarmos a diversidade, nos tornaremos mais competitivos e sustentáveis no longo prazo.

Aceitar a diversidade não é uma opção, é regra e necessidade urgente. Não podemos aceitar comportamentos que impliquem exclusão de qualquer indivíduo, sob nenhuma alegação ou critério. A sociedade é de todos e todas as organizações de pessoas em sociedade devem ter isso como norteador essencial.

Aproveitemos todos essa importante data para refletir sobre o tema.

O que temos feito para contribuir com a erradicação definitiva da Discriminação Racial?

Por Fernando Berlitz é gestor de sustentabilidade do Grupo Ghanem


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