domingo, 24 de fevereiro de 2013

::: É hora de acelerar o crescimento? :::

criança verificando o crescimento

O crescimento normal reflete a boa saúde física e psíquica da criança ou adolescente. Alimentação equilibrada, sono adequado e atividade física favorecem a qualidade de vida e contribuem para que a criança chegue ao seu potencial genético de crescimento.
Os padrões estéticos, no entanto, podem ser diferentes daqueles que refletem saúde e, às vezes, proporcionam insatisfações, mesmo em quem está com o quadro clínico perfeito. “Não há nenhuma base científica que aponte a altura como um marcador de sucesso. Isso é mito”, afirma o Dr. Hilton Kuperman, pediatra endocrinologista do Einstein.
E é por causa deste mito que nasceu uma moda perigosa, avisam os médicos: crianças baixas e saudáveis muitas vezes recebem desnecessariamente hormônio do crescimento, conhecido por GH (growth hormone) com o intuito de torná-los adultos altos. Essa substância, porém, só deve ser aplicada em crianças cujo organismo é deficiente na produção. Nos demais casos, os riscos podem não compensar o pequeno benefício de uns poucos centímetros, se ele existir. “Para quem tem alterações hormonais, a reposição é a melhor terapêutica. Mas quem não tem esta indicação, não deve fazer uso”, reitera o Dr. Hilton.
Os perigos do uso desnecessário do hormônio do crescimento incluem diabetes, escoliose (alterações da curvatura da coluna), hipertensão intracraniana benigna e problemas ósseos, dentre outros. Além disso, a segurança de longo prazo do uso do GH não está bem estabelecida. “Ainda não é possível descartar que a exposição a doses altas deste hormônio acarrete o aparecimento de tumores”, alerta a especialista Teresa Cristina Vieira, pediatra endocrinologista do Einstein.
Por isso, é importante que a criança baixa seja avaliada pelo médico quanto às causas de sua baixa estatura para que, se realmente houver um problema, sua detecção possibilite o tratamento adequado oportunamente. De acordo com os endocrinologistas pediátricos, a curva de crescimento também precisa ser adaptada individualmente para mensurar se há problemas ou necessidade de tratamento com reposição hormonal.
Os especialistas explicam ainda que, em média, em 80% dos casos constata-se que a baixa estatura é resultado das próprias características genéticas da família e que, portanto, não há necessidade de intervenções por meio de medicação.

Diferentes características que influenciam o crescimento

gráficos do crescimento de meninos e meninas
Há 30 anos, a desnutrição era o principal motivo do baixo crescimento, sendo cerca de 20% de crianças que realmente tinham algum problema. Com as mudanças estruturais de alimentação da população brasileira, principalmente nos centros urbanos, a situação mudou. Hoje, as doenças crônicas mal controladas (renais, hepáticas, pulmonares, cardíacas, hematológicas) são as mais incidentes no comprometimento da curva de crescimento. “As deficiências hormonais também podem prejudicar o crescimento, mas representam a minoria dos casos”, afirma a Dra. Teresa Cristina.
Algumas crianças podem crescer até em torno dos 19 anos, dependendo do ritmo de amadurecimento. No Brasil, a mistura de etnias tornou a estatura média do brasileiro heterogênea. Há predominância de altos no sul do país, devido ao fluxo de imigrantes europeus para a região. Por outro lado, nas regiões mais ao norte, a população é mais baixa, devido à mistura do europeu com os negros e indígenas nativos. Após toda essa miscigenação, as características genéticas tornaram-se tão variáveis que numa mesma família pode haver filhos altos e baixos, descendentes de um mesmo casal. “Só a avaliação médica detalhada poderá dizer se o GH está indicado para a criança portadora de baixa estatura”, ressalta o Dr. Hilton.
É claro que os pais devem acompanhar de perto os centímetros conquistados, ano a ano, pelos filhos. Entretanto, fica o alerta: as marcas de lápis feitas na parede do quarto das crianças não podem ser indicativas da terapia com hormônio do crescimento, tampouco a simples vontade de ser mais alto deve ser decisiva nesta opção.

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